Maria Fernanda
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   28.2.04  
...

"Mundo mundo
vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima
e não uma solução."
Drummond

Às vezes ser uma rima é a solução, mas nem isso é possível.



   26.2.04  
Carnaval na Ilha Quadrada:

1 - O ar condicionado do ônibus pifa. Fico na Avenida Brasil durante mais ou menos 40 minutos esperando outro ônibus, já que as janelas do primeiro não abriam e chegaríamos todos em Paraty mortos asfixiado.

2 - O ônibus estava cheio de adolescente.

3 - Depois do primeiro almoço da viajem digo: voltar agora para pousada e fumar um vai lavar a alma. Chego na pousada e reviro minha mala, faço promessa a São Longuinho e depois, triste, mas muito triste, me convenço que esqueci o kit entorpecente em casa.

4 - Chove.

5 - Noite de sábado, blecaute na cidade.

6- Chove.

7- O ‘super’ mercado da cidade se chama Farturão e faz você achar o Mundial o exemplo de higiene.

8- Sopão Maggi e Miojo.

8- Chove, chove, chove.

9- Compartilho o café da manhã com uma penca de paulista discutindo escola de samba: Vai-vai, Leandro de Itaquera, Unidos do Beiruche...

10 – No passeio a barco o momento que mais venta e começa a fazer onda no mar é na hora que é servido o almoço.

11 – Janto num restaurante italiano onde Mussolini serve a comida.

12 – Chove.

13 – No ônibus de volta adolescentes tocam violão.

14 – Chego em casa, não tem água. A água chega, mas o banho é frio (o aquecedor está sendo trocado).


Quando é o próximo feriado????



   19.2.04  
Até a volta:

Queridos, amanhã cedo estarei de partida para aproveitar em outras terras o carnaval. Espero que o período carnavalesco NÃO seja abençoado por Murphy, como foi para conseguir a passagem.

A resposta do super hiper teste aí debaixo (caso alguém tenha ficado curioso) é: Samba, tese, samba, tese, samba, tese (coloquei assim alternado por que senão eu também não ia decorar a resposta). Todos os sambas são de enredos desse ano das escolas do Grupo Especial e as teses são de variados cursos da área de humanas da USP.

E para quem vai ficar em casa com os pais, deixo aqui um divertido joguinho ,para vocês irem treinando.

(Angelique, valeu. Flash total!!!!)



   17.2.04  
Grêmio Recreativo Escola (e Universidade) do Samba

Aproveitando que a festa carnavalesca se aproxima vou colocar aqui uma questão que me aflige:

Vocês também não acham que os títulos dos sambas enredos se parecem muito com títulos de tese de pós-graduação? Ambos viajam em suas teses, seja através de carros alegóricos ou folhas e folhas pra conseguir um grau de mestre e doutor.

Vocês seriam capazes de diferenciar uma da outra?

Coloque ( T ) para tese e ( S ) para samba nos títulos abaixo (depois eu mando o gabarito):

Cana que aqui se planta tudo dá, até energia - Álcool, o combustível do futuro.

Manôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa... Que alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a paz.

O sonho da criação e a criação do sonho: a arte da ciência no tempo do impossível.

Seringueiros da Amazônia: sobreviventes da fartura.

Boi voador sobre o Recife - o cordel da galhofa nacional.

Padre Vieira: sonhos proféticos, profecias oníricas. O tempo do Quinto Império nos sermões de Xavier Dormindo.



   15.2.04  
Top 10 das aulas de história

Algumas expressões típicas usadas nas aulas de história de segundo grau:


1- Protencionismo Alfandegário
2- Capitanias Hereditárias
3- Servo da Gleba
4- Déspota Esclarecido
5- Tomada de Constantinopla
6- Turco Otomano
7- Entradas e Bandeiras
8- Concílio de Trento
9- Sufrágio Universal
10- Voto Censitário



   11.2.04  
Quem pergunta quer saber

Às vezes eu fico dias sem encontrar o meu pai, apesar de morarmos na mesma casa e apesar da casa não ser grande. É que os horários não batem. Têm semanas que eu chego muito tarde em casa (e ele está dormimdo) e quando eu saio para trabalhar ele ainda está dormindo ou saiu para andar ou qualquer outra coisa, só sei que não o encontro. E quando eu o encontro de manhã os diálogos são rápidos, duram o tempo do meu café da manhã , que consiste num copo de nescau e uma torrada.

E eu sempre começo as conversas (não posso considerar conversar, pois na
verdade eu penso alto e como ele está do lado resolve responder minhas questões) com perguntas sem respostas, do tipo: será que hoje no final da tarde vai fazer frio? Porque sempre sobra para mim o leite desnatado? Será que o salário entra hoje na minha conta? Quanto é 11% de 935?

Hoje a pergunta foi:

- Porque o horário de verão terminará sábado?
E ele disse:

- Por que esse é o prazo estipulado pela Empresa de Energia.

- Ah tá. Mas porque esse prazo?

- Por que os mananciais já estão cheios. A época de estiagem já passou e é preciso colocar as hidrelétricas para funcionarem e gerarem energia. Não está vendo as chuvas? Não é preciso mais economizar.

- Mas bem que podiam esticar até o carnaval, né?

- Não dá para você viver em eterno horário de verão, pois o horário oficial do mundo não é esse. E as hidrelétricas têm que funcionar. Não dá pra gerar energia e estocá-la pra quando precisar. O que é gerado é consumido na hora. Não existe como guardar energia. Quer dizer, existe em pequena quantidade, como por exemplo, as pilhas.

- Podiam fazer uma pilha gigante, pra guardar a energia e podermos ter horário de verão até o carnaval.

olhar de desprezo

- Isso é física né? Vou estudar física e criar uma pilha gigante!

- Vai trabalhar, minha filha.

Saio da cozinha, escovo meus dentes e saio rumo ao trabalho. Meu pai fica na porta enquanto eu espero o elevador e eu digo:

- Essa palavra é boa: mananciais... Os mananciais estão cheios... ia morrer sem saber disso. Vou contar pra todo mundo!

Pronto, contei !



   10.2.04  
Decálogo para trocar conteúdo por um corpinho
(retirado da revista Bravo!, da coluna do Xico Sá).

1 – Francês por francês, sai Proust e entra toda a linha da Lancôme.

2- Em vez de queimar pestanas e orgulhar-se de românticas olheiras, o milagre elíptico do Botox.

3- No lugar de cinemateca, sessões de bronzeamento artificial.

4- Os cortes epistemológico serão substituídos pelo efeito de uma boa lipoaspiração.

5- Freqüentar exposição de arte somente em pavilhões gigantes, como a Bienal, que permitem queimar pneuzinhos ao longo da contemplação.

6- Em vez de amores platônicos, trepadas homéricas, como na receita de poeta da saudável marginalia.

7- Homem ou se pega pelo estômago, como na prenda culinária mais antiga, ou pelos dotes da academia de ginástica. Desconfie sempre da sexualidade de um macho que se deixa prender pelo intelecto. Trata-se, para dizer o mínimo, de um tremendo pervertido.

8- De humano demasiadamente humano, aceitarei apenas aquela pequena cota de celulite da qual uma gazela, mesmo de passarela, não consegue se livrar.

9- As almas se entendem, os corpos não.

10- Nada de ficar aí parada, absorta e nebulosa, olhando as interrogações de fumaça do velho e cancerígeno king-size existencial. Em vez de engodar no pasto inútil da metafísica, faça pelo menos meia hora de ginástica passiva.




   9.2.04  
Encontros e Desencontros

Uma das coisas que eu mais gosto de fazer é ir ao cinema. Chegar com uma certa antecedência, comprar calmamente o ingresso, tomar um mate ou um café ou um refrigerante, escolher um bom lugar na sala, me recostar na cadeira, ver os traillers e assistir ao filme.

Logo, para salvar a segunda-feira, após o trabalho, fui ao cinema assistir Lost in Translation e sai do cinema me sentindo muito melhor.

Quando muito se fala de um filme eu sempre desconfio, por isso que nem fui esperando grandes coisas. Achei o filme delicado... mas como eu tenho visto por aí, as reações desse filme demoram um pouco a aparecer. Quem sabe então amanhã eu não esteja tecendo elogios mil? Mas mesmo assim recomendo, pois não é todo dia que encontramos filmes delicados e sensíveis que não sejam piegas.


 
Como ser otimista numa segunda-feira?

Eu sou uma pessoa clichê, daquela que reclama das segundas-feiras, que odeia ter que levantar cedo para ir trabalhar em plena segunda, que acha que a semana podia pular do domingo para terça e abolir este segundo dia da semana.

Então me respondam queridos: Existe sonho que resista à uma segunda-feria, a uma mesa de escritório e uma cadeira giratória?



   6.2.04  
Expresso 2222

A gente reclama reclama dos motoristas de ônibus, mas às vezes você tem que dar razão pela falta de paciência deles. Por que se entra um passageiro, as oito horas da manhã no ônibus e pergunta pra mim:

-Esse ônibus passa na Cobal de Botafogo.
-Não, esse ônibus está indo para o Leblon.
-É... isso mesmo, eu quero ir pra Cobal de Botafogo do Leblon!


Eu mandava o cara voltar pra casa e dormir mais um pouco...

....

E teve aquela vez que a mulher entrou no ônibus e perguntou:

-Esse ônibus passa naquele parque dos coelhos sem rabo?

O motorista com cara de ponto de interrogação ficou parado olhando para mulher. E falou:

- Esse ônibus vai para Presidente Vargas.
- Então passa...


Quando chega no Campo de Santana ela desce.
Aí descobrimos que coelho sem rabo que ela estava falando, na verdade são cotias.

Então tá...




   2.2.04  
É verão...

Acho que a útima vez que eu fui a Cabo frio foi há alguns anos atrás, num final de semana de um tenebroso inverno. Lembro que, na falta do que fazer, ficamos dentro de casa comendo guloseimas de Festa Junina. Eu, minha irmã, a dona da casa, seus familiares e mais três amigas do Rio (que até hoje não sei porque cargas d'água estavam em Cabo Frio), ficamos sábado e domingo numa orgia gastronômica de pé de moleque, cocada, canjica, batata doce na brasa, como se estivéssemos numa mega Festa de São João, com direito a fogueira e tudo mais.

Mas não é sobre essa viagem que eu quero falar. Apesar da cidade ser a mesma (e da orgia gastronômica estar incluída em todos os meus roteiros de viagem), eu vi uma cidade diferente.

A quantidade de prédio construídos, ou em fase de construção, toma toda a extensão da rua da praia. O mau gosto impera, numa ode à arquitetura "novo rico". Todos os prédios, de no máximo seis andares (graças a deus), são uma poluição visual no litoral. A praia é um mar de barracas brancas, numa tentativa, se não a melhor, a mais prática pelo menos, de se colocar ordem no caos; e um sem número de vendedores.

E se vende de tudo, mas tudo mesmo, nas areias da Praia do Forte:

Milho, cuscus, camarão, picolés de todas as marcas, amendoim, castanha, açaí, queijo coalho, empada (doce e salgada), biquíni, óculos, canga (imensas araras com todos os tipos de saída de praia penduradas: canga tradicional, short, calça, blusas, vestidos), sanduíche 'natural', colares, jornal (O Globo, O Dia e Estado de Minas), docinho (brigadeiro, cajuzinho), pizza, rede, balanço, colcha, tatuagem de henna, panela, caneca pra chopp (com o vendedor vestido de ban ban) e vários, mas muito mesmo, catadores de lata que nos dão aquele mal estar burguês de estar de pernas para o ar, compactuando com tudo, enquanto crianças, com mãos tão pequenas que mal conseguem segurar a própria latinha que recolhem, andam o dia inteiro debaixo do sol pra ganhar algum trocado.


 
Vidinha mais ou menos

Então eu passei meu final de semana na praia de Cabo Frio, sentada debaixo de uma barraca, com um simpático mancebo me servindo cervejas e petiscos, jogando conversa fora, rindo da fauna local e dando mergulhos no mar pra refrescar...

(depois com mais calma, pois estou agora em horário de trabalho, eu darei o meu relato sobre os prestadores de serviços praianos de Cabo Frio - digno de nota!!)