30.5.05
Feriadão made in Brazil (ou Rio de Janeiro)
O feriado começou com a antecipação do "Basquete na Lagoa na quarta" para terça-feira. O 'timão' chegou na Lagoa e só chovia, chovia; logo, todas se entreolharam e, sem ética nenhuma com a saúde e o dia segunite, o plano b foi traçado em segundos: Vamos pro Plebeu (um bar)! Só fomos embora quando o dinheiro terminou (e mesmo assim imploramos a saideira).
Quarta-feira. Sinuca. Muuuuuuuuita sinuca. Com direito, no final da noite (ou rair do dia?), a uma simulação do show do Guns and Roses, onde tacos viraram microfone, baixo e guitarra. O poder de abstração que o álcool proporciona é absurdo. Ignoramos totalemente os outros presentes no recinto.
Quinta-feira. Churrasco do namorado de uma amiga. A amiga leva uma amiga que leva outra amiga que leva um amigo que leva... muita cerveja, comida e roda de samba. Perfeito!
Sexta-feira. Almoço em família e muita morgação. A noite, jantarzinho by Raquel, cerveja e Nutella pra larica.
Sábado. Churrasco combinado as pressas. Já anoitecendo conseguimos ascender a churrasqueira... daí pra frente foi só maravilha. Cerveja, caipirinha, cigarro, muita musica, conversas, risos e mais risos, criações esponatâneas, viagens mil, aposta ("duvido você pular na piscina agora" - o agora eram 4:30 da manhã, e friiiiiiio total)e desmaio na cama.
Domingo. Lá vou eu de volta pra casa do "Alto da Colina" (onde ocorreu o churrasco de sábado) pra almoçarme juntar aos sobrevivnetes que nem pra casa voltaram, morgaram por lá mesmo... o almoço vira conversa, pega o rádio, pega o tan tan pra tocar, pega as cervejas que sobraram, liga pra fulano, liga pra sicrano... resumindo: mais um festinha...
(Bem, eu não imagino outro lugar do mundo onde as coisas ocorrem assim tão naturalmente. Onde você pode se divertir muito com pouco grana. Um passeio ao ar livre, uma sinuca, cigarro e cerveja... Onde tudo vira festa. E o um chama o outro, o outro chama mais outro. E chega um instrumento, e alguém faz uma caipirinha, e rola um som, e alguém corta a carne... assim, sem ninguém pedir, como se todos ali tivessem nascido pra isso.)
24.5.05
Ou isto ou aquilo Cecília Meireles
Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.
(esse foi um dos primeiros livros que eu li quando criança... o tempo passa, mas temos sempre, sempre, sempre, que fazer escolhas)
23.5.05
Da série: "Como eu pude viver sem isso até hoje?"
Primeira cena de Apocalypse Now - um vilarejo vietnamita sendo bombardeado por napalm por helicópteros americanos. O verde, a fumaça do explosivo, as chamas ardendo, as hélices dos helicópteros e a trilha sonora - The End, The Doors. A mais bela (esteticamente falando, é claro) cena de guerra que eu vi. E mais uma vez (antes tarde do que nunca) Coppola me deixa de queixo caido.
19.5.05
Em tempos de Bienal do Livro, vamos falar dos próprios, não? Tudo bem que minha aventura para chegar ao Riocentro merecia um relato. Mas eu não sei narrar uma história com tantas reviravoltas (literalmente, já que peguei todos os retornos possíveis pra conseguir chegar e voltar e acertar o caminho do Riocentro). Eu também poderia falar que não só me perdi indo a Bienal, como me perdi lá dentro. Coisa única! Que bom que existe celular e liguei freneticamente pra minha irmã pra ela me achar. Tem a história do meu encontro com o "verdadeiro" Bob Esponja. Mas a Angélica (do Bocozices, não to conseguindo colocar link), já contou. Também tem coisas sérias, como a palestra do Tom Wolfe. Embora eu não tenha conseguido conter o risinho quando a tradutora cismava em falar mediócre, em vez de mediocre... dá onde ela tirou isso? Pensando bem, sempre que eu saio com minha irmã coisas desse tipo acontecem o tempo todo. Sempre chego em casa com a mandíbula doendo de tanto rir das situações inusitadas e dos nossos diálogos surreais. Sem falar que ela é maior "olho de lince" e sempre descobre livros bons, em bom estado, a preço de banana. Muito bom!!! Por conta disso, saí de lá carregando 13 livros para casa. Ah, quer saber... eu ia falar dos livros que eu comprei, mas fiquei com preguiça. O post se alongou demais... depois falo deles.
16.5.05
Exercício de Lógica
Hepatite C Se você detecta a doença em seu início, é mais fácil de combatê-la. Muita gente nem sabe que está infectado pelo vírus. Com um exame de sangue você descobre se tem ou não tem. Coisa simples, rápida... Logo, não custa nada pedir ao médico o exame, né? Eu já fiz o meu e você?
9.5.05
Família ê, Família a, Família...
Três... foram as horas que eu dormi antes de ir pro almoço de dias das mães. Um tanto quanto sonolenta, me levantei, tomei banho e me arrumei. (E fiz isso tão rápido, que consegui ficar pronta antes de todos na casa; além de conseguir a proeza (quase nunca feita por mim) de não me vestir como um molambo e de me manter penteada). Não é a toa que todo mundo diz: Mãe é mãe. E eu não tenho como negar.
Bem, num estado sonolento, as coisas ficam um tanto quanto fantasmagóricas, se é que vocês me entendem. Eu, por exemplo, demoro a entender o que alguém está falando ou identificar formas e cores. O processo de assimilação do mundo se torna bem mais v a g a r o s o.
Chegamos, eu, meus pais e meu irmão, ao restaurante, em Copacabana, primeiro que todos os outros (que eram a irmã e o marido, sogro e sogra e o irmão). Foi a família do marido da minha irmã que havia combinado o lugar. Logo, a gente não sabia direito aonde era. Tínhamos apenas o nome da rua. Já o número, cada hora minha mãe falava um... assim aleatoriamente, como ela adora fazer e nos confundir.
Entramos na rua e paramos em frente do primeiro restaurante que avistamos, numa vaga que estava ali, na porta, à toa, sem flanelinha (estamos falando de Copacabana, domingo, dias das mães!!!). Comecei a ficar desconfiada...
Chegamos na porta e comunicamos que tínhamos uma reserva... O cara foi lá dentro e voltou: reserva pra nove pessoas? Isso mesmo... Entramos e sentamos. Passaram alguns minutos e estávamos lá... a mesa sobrando cadeira e nós quatro esperando o resto da galera.
Aí eu não agüentei (já tinha segurado a onda demais... eu queria dividir minha angústia com o resto da família):
“Esse restaurante é real? Muito estranho... tudo muito estranho... Eles nunca atrasam, acho que eles estão em outro lugar... Meu pai não errou o caminho, não pegamos engarrafamento, conseguimos uma vaga na porta, sem flanelinha, chegamos e sentamos....”
Minha mãe fala (em tom sério): “É também estou desconfiada que isso não é real. R. (meu tio) ligou hoje pra mim... me desejou parabéns, disse que eu era uma mãezona pra ele e ainda chorou lembrando que a gente não tinha mais mãe.”
Meu pai falou: “R. ligou e disse isso? Bem capaz da gente estar sonhando.”
Conseguimos nos comunicar com minha irmã, que estava presa no engarrafamento da Barata Ribeiro, confirmamos o lugar. Tudo em ordem. Tudo real. Até eu já estava conformada que na realidade tudo pode dar certo. Pedi um couvert... talvez fosse fome, misturada com sono. Só minha mãe que ainda teimou um pouco e acreditou que estávamos todos num mundo paralelo:
“Aquele cara daquela mesa não é estranho, nanda... olha a cara dele...não sei não!”
“Mãe, pára com isso, come os pãezinhos. A gente não está tendo uma alucinação conjunta.”
Tá bom!
Só pra Angelique não me pertubar mais. Fazendo comentários engraçadinhos sobre o aniversário de um mês do último post. Então...algumas breves palavras. Só para não dizer que não falei de flores. E falando em flores (junto a minha preguiça de escrever algo original), vou citar um trecho de um texto de Walter Benjamin - que eu li quando minha mãe passou uma breve temporada internada esse ano (eu lia de tudo, e quando terminaram meus livros de literatura, passei a cair dentro dos teóricos, embora Benjamin não esteja unicamente em nenhuma desta classificações). Lá vai:
"Gerânio: Dois seres que se amam apegam-se acima de tudo a seus nomes.
Flor de cacto: Quem ama verdadeiramente alegra-se quando o ser amado, numa disputa, não tem razão.
Miosótis: A recordação vê o ser amado sempre em miniatura.
Folhagem: Se surge da união um obstáculo, logo se instala a fantasia de uma convivência sem defeito na velhice."
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