31.7.07
A ignorância tem dessas coisas...
- Irgmar Bergman morreu.
- Ué, de novo? Ele já não estava morto, não?
(meu deus, matei o homem antes da hora...)
25.7.07
Pernambucolismo:
Parece que Recife está dividido em casta. Tal como a Índia. Sendo que aqui, vez ou outra, você pode penetrar em alguma das castas que você não pertence, é só ter um convite, um passe livre, uma boa referência.
E falando em casta, me fez lembrar de casto, referente à castidade. Acho que ninguém come ninguém nessa cidade. Você sai a noite e quase não vê uma aproximação das pessoas, um olhar, um gesto. Você quase não vê “casal” se formando. Você encontra sim, vários casais, mas já vem tudo pronto de casa. Não existe também muito aquela coisa festiva de fazer amizade na noite. De alguém conversar com você a noite toda, juntar mesa, beber junto, dizer: “a gente combina”, e nunca mais ver o sujeito na vida; mas mesmo assim ter uma noite boa e até uma boa referência do lugar que você foi devido aquela noite. Não, aqui ninguém parece disposto a ser seu amigo... a não ser claro, se você for apresentado por um conhecido...
(não posso negar de como eu fui bem recebida nessa cidade. Pessoas ótimas que me abriram suas casas, que foram super solícitas comigo. Mas eu tinha a tal da referência e nem percebi. Agora, passado algum tempo, que vejo isso. Quando você quer ir mais adiante e simplesmente não consegue! Não me desfaço de ninguém que eu tenho aqui. Gosto de todos e eles, mesmo sem saber, que me fazem sentir que Recife vale a pena. Talvez eu tenha que saber “usar” melhor essa cidade. Eu ainda não entrei na lógica dela. Ou talvez tenha entrado, mas saído, simplesmente, por não me adaptar.)
Recife é um canteiro de obra. A quantidade de prédio que se ergue aqui é absurda. Eu fico pensando comigo mesma: “mas nem tem tanta gente nessa cidade pra morar nesses apartamentos todos!”. E são prédios imensos, de vinte, trinta andares ou mais. Vários deles, parece Gremilis se procriando. Mas os peões de obra não mexem com você. Não fazem gracinha. Onde já se viu isso! Achava que pra ser peão tinha que ser safado. Por isso me vem a idéia das castas. Você é peão, logo não pode se dar ao luxo de mexer com alguém que está passando na rua. Peão conversa com peão, e pronto! É tudo muito estranho. Esse regionalismo exacerbado, principalmente das classes intelectuais, daqui é muito estranho. Há algo de podre na “Casa Grande”!
12.7.07
Agora, a febre do momento, é:
Mestre Vitalino
9.7.07
Cinco meses em Recife, e minha casa tem:
cerâmica da Serra da Capivara, tigela de barro de Água Branca , tapetes e redes da comunidade de Sobradinho (no sertão nordestino), artesanato de madeira da Ilha do Ferro, cerâmica figurativa de Caruaru, colchas confeccionadas em tear manual, porta retrato rústico, luminária, porta chave, jogo americano, toalhas, tapetinho... tudo feito pelas mãos de artesãos nordestinos. É Pernambuco, Piauí, Alagoas, Ceará... praticamente uma FENNEART, no meu apartamento.
Pronto, agora só falta um sofá, uma estante, um rack pra tv e dvd... essas coisinhas...
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